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Atletas universitários conciliam esporte com formação em áreas diversas 19/09/2017

Aprender a nadar foi um passo que veio junto com o gosto por animais para o nadador Vinícius Lanza, que faz parte da delegação brasileira na Universíade de Taipei. Para poder pescar com seu pai em uma fazenda no interior de Minas Gerais, ainda criança, a condição era que soubesse o que fazer caso caísse na água. Entre as pescarias e passeios a cavalo naqueles fins de semana, ele cultivou o interesse que o levou a cursar comportamento animal na universidade de Indiana, nos Estados Unidos, onde conseguiu uma bolsa por seu desempenho esportivo.

“Foi por meio da natação que consegui uma bolsa de estudos. Hoje, eu estudo e moro de graça nos Estados Unidos”, conta ele, que luta para equilibrar o calendário entre competições e trabalhos acadêmicos: “A gente tenta se adiantar e usa fins de semana e qualquer hora que a gente tem para estudar”.

Conciliar os estudos com o esporte de alto rendimento é uma das grandes dificuldades do esporte universitário. Vinícius faz parte de um grupo de alunos-atletas que optou por áreas do conhecimento bem distantes da atividade física. Ainda indeciso entre se especializar em zoologia ou veterinária, ele se desdobra entre atividades em laboratório e as piscinas e é o único aluno da delegação brasileira que buscou essa formação.

A maior parte dos atletas brasileiros está matriculada em cursos mais diretamente relacionados à prática esportiva. Dos 188 atletas da delegação, 84 cursam educação física, 15 fazem fisioterapia e sete, nutrição. Os cursos de administração, com 20 alunos-atletas, e direito, com dez, também figuram no TOP 5. Fora dessas opções, a delegação brasileira tem estudantes de letras, ciência da computação, publicidade, turismo e outros cursos. O medalhista olímpico do taekwondo Maicon Andrade, por exemplo, cursa gastronomia.

Assim como o nadador Vinícius Lanza, o judoca Allan Kuwabara escolheu um curso diferente dos mais populares. Apesar de ser atleta, ele considera não ter afinidade com a educação física e cursa neurociências e engenharia aeroespacial na Universidade Federal do ABC, em São Paulo. Ele conta que o que pesou na decisão foi a flexibilidade da grade de horários, já que o judô é prioridade. Mesmo assim, ele acredita que as provas da universidade são mais difíceis de conciliar do que as do tatame.

“Tenho que remanejá-las com frequência devido aos eventos esportivos. Para as competições, não tenho essa opção. Tenho que estar pronto no dia determinado”, diz ele, que também aponta o lado positivo das duas carreiras. “Tanto o esporte quanto os estudos me ajudam a aperfeiçoar constantemente minha concentração e foco. Além disso, me possibilitam ter um contato direto com diferentes perspectivas de vida”.

Ter a graduação como uma alternativa também está nos planos da atleta do vôlei Mariana Barreto, que acredita que, ao fim da carreira esportiva, a formação acadêmica em comércio exterior poderá ser um caminho a seguir. Antes disso, o foco está nas quadras.

“Pretendo seguir no esporte após a faculdade. Ter um curso superior é uma garantia a mais.No esporte de alto rendimento, é preciso se dedicar totalmente à sua modalidade. É um trabalho como qualquer outro. O amor que tenho pelo esporte é enorme. Enquanto eu puder, seguirei praticando o voleibol”.

A atleta chegou a ter educação física como primeira opção, mas escolheu o curso de comércio exterior na Universidade Paulista (Unip) para se aprofundar em uma área diferente do esporte. Para ela, o conhecimento sempre agrega.

“A educação física, para quem pratica esporte, na maioria das vezes será a primeira opção. Mas, adquirir conhecimento em outras áreas também é muito importante, não só para o esporte, mas para a vida”.


Fonte: ISTOÉ Dinheiro