“O esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência”
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Revista Educação Física

“O esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência”

O professor Alberto Martins da Costa [CREF 008038-G/MG] ocupa hoje o cargo de diretor técnico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Com dou-torado em Educação Física e Adaptação, ele também é doutor em ajudar outras pessoas a superarem seus desafios pessoais. Sua ferramenta? Ele não tem dúvidas: “O esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência consigo e com a sociedade, pois é por meio dele que se reco-nhece, desenvolve e demonstra toda sua potencialidade”. Mas chegar a esse nível foi fruto de muito trabalho e, principalmente, estudo – que é o que ele orienta aos seus atletas: “Acreditamos que mais importante que as medalhas e a performance esportiva, são o legado do conhecimento e a capacitação dos nossos atletas, para que continuem exercendo sua plena cidadania após sua carreira no esporte”. Na entrevista a seguir, o Professor Alberto conta um pouco da sua trajetória, explica detalhes do CPB e fala como o órgão vem enfrentando a pandemia.  

Revista Educação Física - Por que o senhor escolheu a Educação Física como carreira? Alguma experiência influenciou sua decisão? 
Alberto Martins da Costa - A Educação Física e o esporte estão presentes na minha vida desde cedo. Fui atleta de natação desde os 10 anos. Aos 14, auxiliava o meu técnico nas escolinhas de natação do Uberlândia Tenis Clube (UTC), onde adquiri o gosto e o prazer em ensinar, o que, consequentemente, me levou ao curso de Educação Física.

Revista Educação Física - Como foi sua trajetória na profissão?

Alberto Martins da Costa - Desde adolescente, a Educação Física e o Es-porte fazem parte da minha vida, como eu acabei de contar. Já na Faculdade de Educação Física, atuava como estagiário e residente em Educação Física escolar, o que posteriormente me levou a ser contratado como professor no curso de Educação Física da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e até a cursar o mestrado na Universidade de Frankfurt, na Alemanha.
De volta ao Brasil, fui assumindo vários cargos na UFU. Entre eles, o de coordenador de curso, diretor do Centro de Ciências Biomédicas, pró-reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis, entre outros. Dentro do MEC, colaborei com a discussão e inclusão da disciplina Educação Física e Esportes Adaptados no currículo do curso. 
Paralelamente, contribuía com o Esporte Paralímpico na gestão de institui-ções como a Federação Internacional de Esportes para Cegos e a Sociedade Brasileira de Educação Física Adaptada, entre outras.

Revista Educação Física - O seu currículo acadêmico é bastante extenso. Qual é a importância dos estudos para uma carreira de sucesso?
Alberto Martins da Costa -
Extremamente importante. Os estudos nos dão base para desenvolver nosso trabalho com segurança e credibilidade, principalmente na nossa área que exige uma interação próxima com ou-tras. Precisamos estar atualizados para discutir de forma competente com todos esses profissionais, acompanhando a atualização da área em todas as suas vertentes.

Revista Educação Física - No CPB há incentivos para que os paratletas deem continuidade aos estudos após a aposentadoria? Há algum progra-ma que possa ser citado? 
Alberto Martins da Costa
- Sim. Esta é uma área que nos motiva muito. Acreditamos que mais importante que as medalhas e a performance espor-tiva, são o legado do conhecimento e a capacitação dos nossos atletas, para que continuem exercendo sua plena cidadania após sua carreira no esporte. Muitas vezes, as medalhas e os resultados são esquecidos e apagados pelo tempo, mas o conhecimento e a experiência adquirida são legados eternos. É por isso que implantamos o programa Atleta Cidadão (www.cpb.org.br/atletacidadao), que busca capacitá-los desde seu ingresso no CPB, preparan-do-o, desde cedo, para sua vida pós carreira esportiva. 

Revista Educação Física – E como a pandemia afetou as atividades do CPB?
Alberto Martins da Costa -
No início da pandemia, tivemos que tomar decisões difíceis, pois estamos no ano dos Jogos Paralímpicos, com expecta-tivas de uma forte participação brasileira. Infelizmente, tivemos que fechar o nosso Centro de Treinamento para preservar a vida dos nossos atletas, como bem maior e mais importante. Ao mesmo tempo, elaboramos, com a nossa equipe técnica interdisciplinar, um programa de acompanhamento aos atletas em suas residências, para orientá-los em suas atividades técnicas, físicas, de saúde, nutricionais e psicológicas, de forma que tivéssemos o menor impacto possível nesta paralização, retornando com o máximo de segurança possível.
Hoje, com um protocolo extremamente rígido e cuidadoso, estamos re-tornando aos trabalhos no Centro de Treinamento e nos preparando para os Jogos em 2021.

Revista Educação Física - A mudança na data dos Jogos Paralímpicos causou muitos impactos? 
Alberto Martins da Costa -
As nossas expectativas continuam sendo mui-to boas, principalmente por conhecermos a capacidade dos nossos atletas e técnicos em superar os desafios e obstáculos. Tenho certeza que faremos uma grande participação nos Jogos Paralímpicos no próximo ano. É claro que o impacto é inevitável, pois a insegurança ainda persiste.

Revista Educação Física - Que dica o senhor daria aos profissionais de Educação Física que desejam atuar no alto rendimento?
Alberto Martins da Costa -
A melhor dica que posso dar é o estudo e a atualização permanente, tendo sempre em mente que os resultados são con-sequência da sua dedicação. Para nós, que trabalhamos com o esporte para as pessoas com deficiência, é importante ter claro que o nosso grande desafio é sempre maximizar a potencialidade respeitando as limitações, é detectar e desenvolver potencialidade e capacidade. Vale lembrar que o esporte é a principal ferramenta de inclusão da pessoa com deficiência consigo e com a sociedade, pois é através dele que se reconhece, desenvolve e demonstra toda sua potencialidade.

Revista Educação Física - Gostaria de acrescentar algo mais? 
Alberto Martins da Costa -
Tenho um enorme orgulho de ser profis-sional de Educação Física, de trabalhar com o Esporte para Pessoa com Deficiência e o Esporte Paralímpico, pois foi por meio da minha profissão que adquiri tudo que tenho hoje: conhecimento, experiência, amizades, re-conhecimento profissional e pessoal. É por meio da Educação Física que eu sou Professor Alberto.